Uma importante análise da série é a do Código Harry, nele há normas de conduta que fazem com que Dexter determine seu modo de agir, é uma tentativa de trazer moralidade, regras e princípios a um ato imoral. Segundo o código:
- Só se podem assassinar pessoas que merecem morrer.
- Deve-se ter certeza absoluta.
- Deve-se fazer o trabalho limpo e sem deixar pistas.
- Não se envolver emocionalmente com as pessoas, já que isso pode causar erros.
Harry percebendo o instinto assassino do filho começa a canalizar isso para o que ele considera ser o bem. Mas Dexter ainda é muito novo, nessa ocasião, é questionável o quanto o estímulo de Harry às ações de Dexter podem ter o influenciado. Outro debate é o de como julgar “pessoas que merecem morrer?” Isso cabe a um ser humano?
Vale ressaltar que o ato de matar é imoral, pois interfere na liberdade de outro indivíduo e afeta a sociedade, gera um sentimento de repulsa para a humanidade [Hume] e, se considerar a execução do instinto como escolha, então por desrespeitar o imperativo categórico de Kant, também é considerado imoral.
A seguir uma passagem do livro “Dexter- A mão esquerda de Deus, Jeff Lindsay”
“ – Estou ficando velho, Dexter- Esperou que eu protestasse, mas não falei nada e ele concordou com a cabeça. – Acho que as pessoas vêem as coisas de outro jeito quando envelhecem – concluiu ele. – Não é que fiquem mais complacentes, ou que vejam que as coisas também podem ser cinzentas, em vez de apenas pretas ou brancas. Eu apenas estou vendo as coisas de outro jeito. Melhor.- Olha para mim, o olhar de Harry. Amor firme com os olhos azuis.
- Certo – concordo.
- Se fosse dez anos atrás, eu colocaria você em alguma instituição- diz, e pestanejo. Essa afirmação quase dói, exceto pelo fato de que eu já tinha pensado nisso. - Mas, hoje, acho que sei melhor, conheço você e sei que é um bom garoto.”
Nesse trecho fica clara a condução que Harry dará a Dexter. Ele é um policial frustrado com a justiça e começa a incentivar no filho essa capacidade de consertar os erros dos tribunais.
Enquanto Dexter crescia em uma família cercado por amor e compreensão. Seu irmão, Bryan, que passou pelo mesmo trauma, com a idade próxima, é enviado e cresce em um local para tratamento psicológico, O próprio Bryan define no último episódio da primeira temporada, que quando Harry o viu, só enxergou um menino problemático. Bryan, com o mesmo instinto assassino do irmão e sem um código, mata desenfreadamente pelo puro prazer.
O encontro dos irmãos acontece no final da temporada, e fica explícita a diferença que o Código de Harry fez na vida de Dexter. Seu irmão questiona o seguimento do código, demonstra como é ser um assassino movido apenas pelos seus instintos, livre de arrependimentos ou motivos. Dexter se sente traído pelas informações que seu pai escondeu e coloca em dúvida a confiabilidade do Código Harry.
Ao longo das outras temporadas, Dexter por vezes se vê quebrando o código para consertar seus erros, incrimina pessoas inocentes, apagando suas pistas. Acaba por criar seu próprio código. E por trás de seu carisma vai escondendo suas imoralidades.